domingo, 17 de novembro de 2019

O pânico de estar sozinha numa sala cheia de gente

Não sei quanto a vocês, mas ultimamente tenho percebido que, para mim, estar sozinha é um desafio. Não sei se passo mais tempo sozinha que o habitual ou se simplesmente comecei a reparar mais neste aspeto da minha vida. O problema não é passar tempo sozinha, acho isso ótimo, o problema é sentir-me realmente sozinha e isto ser uma bola de neve: quanto mais tempo estou sozinha, menos vontade tenho de estar com outras pessoas, percebem? Vou tentar não ser super confusa ao longo deste texto, tentem acompanhar. Sendo honesta, não tenho muita gente com quem passar tempo e ir a coisas. Na minha família está cada um concentrado no seu trabalho na maior parte dos dias. Não estou numa relação. Os meus amigos têm a vida deles e passamos menos tempo juntos do que gostaria, e continuando a onda de honestidade, normalmente não estão disponíveis para grandes planos. Isto tudo junto faz com que a minha companhia seja eu própria (e os meus colegas no trabalho durante as horas em que lá estou). Até aqui, tudo normal. Tenho a certeza que com muitos de vocês acontece a mesma coisa. Ainda assim, não consigo deixar de me sentir sozinha mais do que gostaria e até de sentir um certo abandono. Parece que tenho sempre todo o tempo do mundo para toda gente, mas que quando sou eu a precisar de alguém que tenha tempo para mim, ninguém está disponível. Ok, é justo, às vezes têm tempo para mim e eu não me apetece estar com ninguém, certo. Mas opá, tem dias em que não consigo estar sozinha, sinto-me a sufocar. Tenho tentado (muito) combater isto. Faço por passar tempo sozinha a fazer coisas de que goste. Tenho ido ao cinema sozinha por exemplo, um hábito que implementei este ano porque finalmente percebi que não preciso de ninguém ao meu lado durante aquela hora de filme. Na semana passada fui mais longe e percebi que também não precisava de ninguém para ir sozinha ver um espetáculo de comédia. Se estava completamente em pânico por estar durante horas sozinha e ir voltar tarde para casa, também sozinha? Claro que estava! Já sabem que sou uma completa drama queen e entro em pânico com coisas que são simples. Mas obviamente que correu tudo lindamente e eu adorei o espetáculo. Foi só mais uma prova de que não preciso de ter medo de estar sozinha e fazer coisas. Vamos lá pôr um ponto final nesta cena de não ir a concertos e etc só porque não tenho ninguém para ir comigo. Não preciso de companhia para isto. Claro que é incrível quando conseguimos alinhar tudo e ter a companhia dos nossos mais que tudo para ir connosco a estas coisas, mas quando não dá, podemos perfeitamente aproveitar e ir sozinhos. Afinal de contas, vão estar lá mais umas quantas pessoas com o mesmo objetivo que nós, e alguns provavelmente também vão estar sozinhas. Basicamente é não ter medo e se tivermos medo, ir na mesma! Nada me garante que no próximo evento a que vá sozinha não vá estar novamente assustada e em pânico, mas mesmo que esteja, já vai custar um pouco menos porque sei que da última vez correu tudo bem. Para vocês pode não parecer muito, mas para mim estas pequenas coisas são enormes desafios que exigem toda a minha força e coragem. Aos de vocês que precisam deste empurrão para passar mais tempo sozinhos em eventos sociais: não tenham medo e não pensem que estão sozinhos. É possível que esteja lá pelo menos mais uma pessoa nas mesmas condições que vocês, e quem sabe, até pode ser uma boa oportunidade para fazer amigos. 

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Dias de chuva

A semana começou com aquele típico acordar de segunda-feira (que acaba por ser um pouco o acordar de todos os dias), «não, não, não, isto não é o despertador, não são horas ainda». Depois do momento de negação, corri para o banho na tentativa de não me atrasar para os transportes. Valeu de pouco. Perdi o autocarro e ainda consegui mandar fora os 10 min que passei a secar o cabelo, porque assim que saí dos transportes tive de fazer os meus 5 min a pé até ao escritório debaixo de chuva. Mesmo assim não deixei que a revolta de estar a ser uma segunda daquelas me consumisse e fiz o dia acontecer. Só me lembro que depois de tudo isto, tive dois dias cansativos no trabalho e acabei por adormecer muito cedo em ambos. Não sei como é com vocês, mas a mim custa-me enfrentar a rotina nestes primeiros dias de horário de Inverno. Eu adoro esta altura do ano e, apesar de cada vez gostar mais do Verão, admito que já tinha saudades do fresquinho. Adoro dormir completamente embrulhada em pijamas fofos e cobertores quentinhos. Adoro as minhas roupas de Inverno. E claro, o meu aniversário em dezembro. Mas quando muda a hora há sempre aquele sentimento triste de quem estava habituada a algumas horas de sol depois do trabalho e agora só chega a casa de noite e só vê luz do dia pela janela do escritório. Sentimento triste e uma vontade incrível de deitar e dormir. Para juntar a isto tudo, a chuva! Não me importo imenso com a chuva, se estiver em casa no sofá a ver uma série. Mas a sério, acho que me importo mais com o que a chuva provoca em nós, é que com um bom casaco, umas botas e um chapéu de chuva, sempre dá para aguentar. Só que não podemos pôr este equipamento todo no nosso estado espírito. Dias cinzentos dão sono e a chuva torna-nos melancólicos. Quem nunca andou de carro num dia de chuva, com a cabeça encosta no vidro e uma musiquinha triste no rádio? Aquele momento mesmo à filme eu sei, mas não digam que nunca fizeram porque estariam a mentir. Tudo isto para dizer que o Outono está aí e a chuva também decidiu ficar por uns dias (Estás a ouvir mãe? Chega de deixar a roupa na rua!). Podem tirar os casacos do armário, principalmente os que aguentem com a chuva, eu já vou em duas molhas e ainda é quarta senhores! Ah, e por favor, a ver se metem os casacos a arejar, já se nota aquele cheirinho a naftalina nos transportes públicos, e disto posso dizer que não tinha mesmo saudades nenhumas. 
Ainda assim, nem tudo é mau maltinha, habemus feriado depois de amanhã! Aproveitem bem, mesmo com chuva. Bejinhos e até já ❤

domingo, 20 de outubro de 2019

Insónias

Dizem que se não conseguimos dormir é porque estamos acordados no sonho de alguém. Pois bem, devem sonhar muitas vezes comigo, porque desde que me lembro que, em algumas noites, tenho dificuldades em dormir. Dormir é incrível e é das minhas coisas favoritas (não finjam que também não é das vossas). E felizmente são mais as noites em que caio na cama e durmo como uma pedra até ao toque do despertador do que as que fico acordada até altas horas da madrugada porque o meu cérebro simplesmente não descansa. As madrugadas são tão vulneráveis não acham? Melhor dizendo, as madrugadas tornam as pessoas vulneráveis. Eu sou da total opinião de que não conhecemos verdadeiramente alguém até termos uma conversa de madrugada. Parece que algo em nós entra em stand by e baixamos as defesas. A mente fala livremente e permitimos à outra pessoa ver-nos sem os habituais filtros do dia a dia, que teimamos em usar para não perceberem que, tal como eles, também nós somos loucos. Mas a madrugada não é tão divertida assim quando estamos sozinhos a tentar dormir. Peguei no telefone para começar a escrever isto porque sempre me senti mais inspirada nestes momentos de silêncio. Não fosse o barulho da chuva lá fora e o tic tac do relógio por cima da minha cama, o silencio era total. Curioso que me sinta mais inspirada durante a noite se pensarmos que tenho imenso medo do escuro desde pequena. Acho que associo muito o escuro ao vazio e à solidão e isso sempre me assustou. Tenho tentado lidar melhor com isto à medida que vou crescendo até porque se quero um dia (num futuro próximo) sair de casa para ir viver sozinha, tenho de estar pronta a enfrentar a noite, principalmente estas que teimo em não adormecer. Tenho sono e sinto-me cansada, mas se a mente não descansa não consigo dormir, e eu amo dormir gente! Por isso fica aqui o recado para quem estiver por aí a sonhar comigo: estou muito grata por fazer parte dos pensamentos que o vosso subconsciente vai buscar, mas agora já está bom. Pensem antes em mim durante o dia e mandem mensagem com um olá, porque de madrugada prefiro dormir. Beijinhos.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

A minha paixão por HIMYM

How I Met Your Mother, ou Foi Assim Que Aconteceu, não é só a minha série favorita, é a série da minha vida!!! Já vi e revi toda a série, e alguns episódios já vi mais de 4 vezes. É aquela série que já sei de cor mas que continuo sempre a ver. Aliás, há semanas em que o meu ritual é chegar a casa e ver dois ou três episódios. É sempre bonito e enche sempre o meu coração. Vivi todas as relações do Ted e dos amigos como se fossem minhas. Acho que é uma série super relatable e que tem sempre uma lição a reter no fim de cada episódio. A mim ajudou-me principalmente a perceber que sou humana como todos nós. Antes de mais quero já deixar aqui bem explícito que não quero cá comparações com Friends, ai e tal que Friends é melhor e HIMYM é cópia, blá blá blá. Maltinha, já ouvi isso tudo. Mas eu nunca vi Friends (só uns episódios soltos), vi HIMYM vezes demais para saber quantas e amo para sempre. Esclarecido, vamos prosseguir. 

Resumito rápido para quem não faz ideia do que estou a falar: o Ted é um gajo que tá a contar aos seus dois filhos a história de como conheceu a mãe deles. Só que esta história começa muito antes de ele conhecer a mãe dos miúdos e acompanha o que se foi passando ao longo dos anos entre ele e o seu grupo de amigos. O Ted passa por uma data de relacionamentos e está constantemente em busca "da tal". Conseguimos acompanhar as várias fases da vida dele e dos amigos e perceber a forma de como todos os momentos da vida dele o conduziram ao momento em que conhecer a mãe dos filhos, o grande amor da vida dele. É já por aqui que quero pegar: todos os momentos da nossa vida acontecem no alinhamento certo para nos conduzir a um momento específico! Acredito mesmo nisto? Eu tento. É uma boa premissa para se viver de acordo. O conforto e certeza de que o universo tem um plano para nós. Basicamente às vezes temos de deixar o universo tomar conta e confiar que tudo acontece por uma razão. 
Não sei se quem já viu a série está familiarizado com uma listinha que circula por aí (vou deixar a imagem algures pelo post) que contém as lições que podemos aprender com a série. Adoro todas e acho que todas fazem imenso sentido durante toda a nossa vida. Mas para isto não se tornar mais gigante ainda, vou escolher as 5 que mais importam para mim e falar um cadito de cada uma. 

Quando há já uns anos acabei de ver a série, 
imprimi isto e colei no interior do meu roupeiro, ainda lá está. ☺

«Some people have expiration dates.» Nem toda gente que entra na nossa vida vai ficar connosco até ao fim. Aliás, a grande parte não vai. Amizades ou relações amorosas, muitas vezes têm um prazo de validade e temos de ter consciência disso. Claro que não vamos deixar de nos dar com alguém ou de investir numa relação por saber que eventualmente pode acabar, até porque à partida não sabemos que se há de facto um prazo, ainda assim convém ser honesto sobre isto e perceber que às vezes acaba e não é culpa de ninguém. A vida segue rumos diferentes, as pessoas afastam-se. Não é errado nem certo. É só a vida.

«Don't postpone joy.» Isto é tão importante! Ser feliz enquanto podemos e não deixar as coisas boas para depois. A vida é tão curta, o depois pode não existir. Devemos fazer o que nos faz bem, estar com as pessoas que nos enchem o coração e tentar ser o mais felizes possível enquanto possível. Nem sempre é fácil. Mas é tentar não deixar aquele jantar de amigos para depois, ou o encontro a dois para depois ou até uma ida à praia ou uma caminhada para depois. O que quer que seja que nos faz felizes, não deve ficar para depois!

«You're not looking for someone who acepts your quirks, you're looking for someone who loves them, cherishes them, and loves you more as a person because of them.» Encontrar alguém que nos aceita e nos ama pela pessoa que somos, com todas as qualidades e defeitos incluídos no pacote. Isto também é tão importante! Cada um de nós é especial e único, é esse o nosso super poder. Vai sempre haver gente que não gosta, gente que nos adora e gente que nos ama incondicionalmente. Não se deixem levar por relações onde não podem ser 100% vocês mesmos. Há alguém por aí que vos ama tal e qual. Lembro-me do Ted estar sempre a tentar condicionar-se com uma data de regras sobre encontros e não agir como queria, como aquela coisa de esperar 3 dias para ligar a uma miúda. Só que o Ted queria mesmo era ligar imediatamente! E lembro-me dele dizer ao Barney que uma miúda que se importasse com isto, era porque não era a certa para ele. Pensem nisto e nas mudanças que fazem em vocês para estar com alguém e se vale assim tanto a pena abdicarem das pequenas coisas que vos tornam únicos.

«Don't ever give up crazy times with your friends.» Não me canso de dizer que os amigos são a base que nos sustenta na vida. Aos verdadeiros, nunca os largem! Agarrem os vossos melhores amigos com toda a força que têm e vivam com eles os melhores momentos das vossas vidas. Vai tudo acontecer e nem vão dar conta. São aquelas histórias que vamos todos contar quando formos velhinhos, tal como o Ted faz com os filhos na série. Isto é real. Agarrem-se a isto! Combinem saídas com os vossos amigos e não desprezem o poder que tem sentar todos à volta de uma mesa e contar como têm sido as vossas vidas! Ah, e estejam sempre lá para os grandes momentos!

Se isto não são friendship goals, então não sei o que será!
«Whatever you do in life is not legendary unless your friends are there to see it» ❤

E, para terminar:
«Get out of the house, go for a walk, get a bagel.» Claro que a vida segue mesmo que não se faça nada por isso, mas também temos de sair à rua e vivê-la! Umas das frases que mais me ficou da série foi uma que a Lily disse ao Ted, algo sobre como ele não podia desenhar a vida dele como desenha um edifício (o Ted é arquiteto). Temos de viver e a vida vai-se desenhando. Não precisamos de ter tudo planeado. Muitas vezes o que precisamos é mesmo sair de casa e dar um passeio, ver pessoas, conhecer sítios. As coisas fluem a partir daí. 

Sobre o final. Quem conhece a série já deve ter ouvido que o final não é exatamente o esperado, pelo menos para mim não foi. Não vou dar spoiler, vou só dizer que com o rever da série percebi melhor o final e não acho que tenha sido algo assim tão descabido como me pareceu na altura. É uma boa perspetiva das coisas e mostra-nos que o que está destinado a nós, a nós chega. Pode não ter dado certo agora, mas mais tarde quem sabe. 

Espero que tenham gostado. Vejam HIMYM e sejam felizes.
Beijinhos e até já ❤

domingo, 13 de outubro de 2019

Sobre aceitar o que não podemos mudar

Hard truth: nem sempre somos donos e senhores daquilo que nos acontece! Eu sei, eu sei, o nosso destino somos nós próprios que o traçamos, mas por vezes a vida prega-nos partidas e as coisas fogem do nosso controlo. E é isto que me assusta, não ter o controlo absoluto da situação. Não sei se me posso considerar uma control freak, acho que não, ainda assim, sempre fui aquela pessoa que raramente age por impulso. Todos os planos, desde longas viagens a coisas simples como aspirar o quarto, raramente passam sem ser apontados numa to do list. Acho que sempre me pareceu mais fácil pôr as coisas em prática se assim fosse. Ter uma coisa estruturada sempre me deu segurança então, quando não consigo controlar o plano do que acontece: pânico! Até há uns tempos, planos falhados ou fora de controlo traduziam-se em mau humor e birras, agora traduzem-se em ansiedade, breve pânico e algumas lágrimas. Posso tentar atribuir as culpas disto à carga de trabalho, às noites que muitas vezes passo sem dormir, mas a verdade é que não faço ideia do que desperta estes momentos menos bons. Não aconteceram assim tantas vezes para que sentisse necessidade de procurar ajuda, mesmo assim foram as suficientes para me assustar, procurar perceber a causa e arranjar uma solução. O que mais faço para tentar minimizar isto? Aceitar. O quê? Tudo o que não posso mudar. Tento focar-me nas coisas pequenas e avançar a partir daí. Por exemplo, os atrasos dos transportes causavam-me uma tremenda ansiedade. Depois percebi que não há nada que eu possa fazer para resolver isto e ficar ansiosa só vai prejudicar a minha saúde, por isso é aceitar e confiar que estou onde devia estar. Não confundam isto com apatia perante as situações do dia a dia, eu própria confundo por vezes. Nunca me tinha caído a ficha para perceber que isto é de facto uma coisa que as pessoas têm de fazer, só que talvez devesse ser feito de forma natural. Não me parece que toda gente tenha de se estar constantemente a lembrar de não ficar nervoso com coisas como atrasos ou imprevistos. Outra coisa, outra hard truth: não podemos mudar a forma como as pessoas se sentem em relação a nós! Claro que podemos dar o nosso melhor para sermos simpáticos, bons colegas, bons parceiros, mas chega a um ponto em que não depende só de nós. As outras pessoas vão sempre ter uma palavra a dizer, tal como nós quando a situação é inversa. É uma das coisas mais difíceis que tenho vindo a tentar aceitar. Por mais que se ame uma pessoa, não a podemos forçar a estar connosco. Enfim. Tudo isto para dizer que é perfeitamente natural coisas menos positivas acontecerem na nossa vida. Não podemos controlar tudo. Só podemos dar o nosso melhor para que as coisas corram como queremos, e tentar manter a calma e aceitar que nem sempre vão correr. Acho que ter muita paciência também é uma boa tática. No último ano tenho tentado desenvolver isto e descobri que consigo ser mais paciente do que achava que era. Saibam só que o universo tem um plano e que este plano está sempre em movimento. Tudo o que fazemos e tudo o que nos acontece serve para nos preparar para o que o universo tem planeado para nós. Tentem confiar no rumo da vossa vida e não tenham medo de viver as coisas ao vosso ritmo. O que é para ti, há-de chegar a ti. Beijinhos e até já :)

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Entre 2016 e Agora

Estamos em constante mudança e ainda que olhando para os últimos três anos da minha vida pouca coisa pareça ter mudado, eu estou diferente. Em 2016 quando deixei o blogue parado, pensei eu que para sempre, estava a dar os primeiros passos nesta coisa que é "a vida de gente crescida". Se já me acompanhavam antes e me conhecem sabem que nunca fui muito adepta das coisas chatas da vida, e esta entrada no mundo dos crescidos fez-me perceber que uma das coisas que mais me custa é procurar emprego (ainda vos hei-de escrever um post só disto). Não comecei logo a trabalhar, em parte porque nada do meu interesse aparecia ou não me respondiam, mas essencialmente porque achei que precisava de um tempo em off para recuperar dos três anos de curso. Fui-me ocupando aqui e ali com uns mini cursos de fim de semana para não deixar o meu currículo completamente parado. Já só em abril de 2017, muito graças a uma grande amiga que a faculdade me deu, comecei a trabalhar numa empresa de estudos de mercado. Ainda lá estou, na maior parte dos dias, muito contra a minha vontade. Não amo de paixão aquilo que estou a fazer, mas não odeio de morte. Os dias passam, a maioria das pessoas é fixe e o dinheiro entra ao fim do mês, por enquanto é suficiente. Sinto que preciso de mudar de ar só que ainda não é tempo para o fazer. Sempre fui de levar as coisas muito ao meu ritmo, e apesar de saber que é quando nos parece assustador avançar que o devemos fazer, não me sinto pronta para tudo o que envolve mudar de emprego. A procura, os nãos, os emails sem resposta e os «depois ligamos» das entrevistas. Tentei durante algum tempo e sei que é algo que eventualmente vai acontecer, mas agora não consigo. É muito neste "não conseguir" que se prende o que foram estes últimos tempos para mim. Todos nós passamos por uma fase de auto conhecimento em que exploramos quem somos a nível psicológico. Pois bem, é onde estou. Talvez só com esta nova fase e com o aparecimento de novas pessoas na minha vida eu me tenha apercebido que não sou tão emocionalmente estável como pensava. Descobri que, como muita gente, também eu sofro de ansiedade. Ainda não vou entrar muito por este tema, mas posso adiantar que me fui a baixo algumas vezes no último ano e ainda não estou totalmente de pé. Custou-me não ter o controlo da situação e tive de aprender que é mesmo assim e que quase nunca temos as coisas sob a nossa alçada. É provável que agora estejam a pensar que eu já devia ter aprendido isto quando era mais miúda, e talvez tenham razão, mas estou a aprender agora e mais vale tarde que nunca. Sempre achei que tinha as minhas emoções no lugar e agora dou por mim a sofrer uma reeducação emocional. Mesmo com tudo isto, muita coisa boa aconteceu e em 2018 vivi alguns dos meses mais intensos da minha vida. Não vos vou contar, desculpem, mas estes meses não me pertencem só a mim. Só vos vou dizer que soube o que é ser mesmo feliz. Depois disto 2019 instalou na minha vida uma série de acontecimentos menos bons e acho que foi aí que comecei verdadeiramente a perceber que eu não estava bem. A 3 meses do fim do ano, ainda cá estou. Uns dias bem e outros em que não sei como tenho coragem para sair da cama. Estou em processo de aceitação de que todos temos as nossas batalhas, maiores ou menores, e que todos temos o nosso tempo para as travar e vencer. Estamos sempre em luta com nós próprios, eu sei que estou. Confiem que a vida sabe o que faz e não desistam nunca! No fim vai acabar tudo em bem, é tudo um exercício de paciência. Beijinhos e até já ❤

O regresso

Porquê agora?
Porquê voltar aqui quase três anos depois da publicação do último post? Porque posso! Admito já que não foi um regresso ponderado e que possivelmente vão ficar sem saber nada de mim daqui a uns tempos, como sempre acontece. Para me justificar digo que não me cansei disto nem fiquei sem assunto, acho só que a vida ganhou um rumo que eu não esperava e fiquei em stand by por aqui. Aconteceu-me sempre algo do género aquando do começo de uma nova fase na minha vida. Talvez por ter conhecido pessoas novas e por achar que não queria ter uma coisa destas associada à minha pessoa. Confesso que tive medo de ser "descoberta" e levar logo um rótulo errado de gente que me estava a começar a conhecer, mas na vida estamos constantemente a sofrer deste mal. A verdade é que há aqui muita coisa em arquivo que já não faz sentido para mim (e hei-de dar uma limpeza a isto), mas a certa altura na minha vida fui a pessoa que escreveu o que aqui está guardado e acho que não tenho de ter vergonha. Afinal de contas, quem fui moldou-me para ser quem sou agora. Voltei porque tenho coisas para partilhar, porque adoro escrever, porque escrever sempre me limpou a alma e mesmo que às vezes seja mais fácil escrever sem filtro num caderno que ninguém vai ler, também sei que há sempre alguém a precisar de ler o que escrevemos. E sei disto porque eu própria, por vezes, preciso de ler as palavras de outros para perceber que não estou sozinha. Espero que por aqui consigam sentir-se menos sozinhos nas vossas peripécias e opiniões. Se conseguir criar empatia nem que seja só com um de vocês, já ganhei! Adiei muito este regresso ao universo dos blogues. Na minha cabeça precisava de uma pausa, mas nunca pensei que essa pausa fossem três anos. E adiei porquê? Bem, por mais patético que possa parecer, não arranjei um nome certo para isto. É que estão a ver, a minha ideia não era voltar aqui (pela questão da vergonha lá está), o que eu queria era mesmo uma nova página, começada do zero, talvez anónima até. Só que hoje, depois de chegar a casa de mais um dia de trabalho, pensei «é o dia!». Abri o Blogger, para tentar começar algo, isto estava com sessão iniciada e bateu-me «porque não voltar já aqui?». E aqui estou eu! De volta, sem vergonha e com a promessa de escrever coisas sobre a vida para vocês. Perdoem-me o texto atribulado e desculpem qualquer coisinha. Estou destreinada disto. Agora vou só ali partilhar isto no Facebook e tentar escrever coisas bonitas! Beijinhos e até já ❤