sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Procurar emprego durante a pandemia

Estou desempregada. Depois de muitas voltas que nem vale a pena falar, o meu contrato de trabalho chegou ao fim e não foi renovado. O projeto em que estávamos todos, alguns há muitos anos, teve um fim (mais ou menos inesperado e abrupto). Não vos vou mentir, por muita dor de cabeça e de coração que aquela empresa me possa ter dado, custou assimilar que era o fim, não só para mim mas para todos os meus colegas. E claro, fora tudo isto, custou-me assimilar que ia ficar sem trabalho, sem dinheiro a entrar todos os meses. Estou novamente fora de pé, a passar pela procura de emprego, que como sabem, é uma fase que não aprecio. Não fui apanhada de surpresa. Fui avisada com bastante antecedência que esta ia ser a minha realidade e por isso mexi-me logo na tentativa de encontrar algo antes que ficasse sem nada. Não resultou. Vou tendo respostas, vou sendo chamada para entrevistas, mas ainda não houve nenhum resultado positivo. Tento pensar que isto era o que eu queria. Eu queria esta situação. Eu queria mudar de área, deixar o clipping. Foi por isso que fiz a pós-graduação, para sair disto. Acho que quando naquela tarde enviei a minha candidatura já sabia o desfecho que isto ia ter, e queria estar preparada e ter mais bagagem no currículo para poder enfrentar melhor esta fase. Não foi de todo a experiência de curso que achei que ia ter porque acabou por ser praticamente tudo feito online (dam you covid), mas foi tão enriquecedor como eu achei que ia ser. Ainda não abriu exatamente as portas que eu achei que ia abrir, mas hey, cada coisa a seu tempo. Nunca parei realmente de estar atenta ao mercado de trabalho e a novas oportunidades que pudessem surgir, mas posso dizer que estou ativamente à procura de emprego desde setembro do ano passado. É um processo que me drena toda a energia que tenho. É duro. Enviamos currículos que nunca têm resposta. Recebemos e-mails pomposos que se resumem num "não foi selecionada". Às vezes encontramos um ou outro recrutador mais simpático que nos dá umas palavrinhas, ainda que genéricas, de força e votos de sucesso. E claro, as entrevistas. Se tivermos sorte, contactam-nos para conversar, agora por videochamada ou por uma simples ligação telefónica. Não vos consigo descrever o total atrofio que são para mim as entrevistas por videochamada. Foi preciso habituar-me a estar confortável a falar com pessoas cara a cara para as coisas começarem a ser feitas por vídeo. E digo-vos, não gosto! A única coisa boa que consegui identificar nisto até agora é o facto de não termos de perder tempo nas deslocações. Acaba por ser tudo mais direto e rápido, mas isto não quer dizer que seja melhor. Até agora tive duas entrevistas por videochamada e posso dizer-vos que foi uma coisa bastante desconfortável. Fica sempre a dúvida se as pessoas nos estão a ouvir bem, se estão sem reação porque o que estamos a dizer não faz sentido ou se a imagem simplesmente congelou por falta de rede. Acaba por passar rápido e o stress daqueles minutos desaparece num instante, mas são pequenas tretas que temos de enfrentar no momento e tudo nos parece maior e mais assustador do que acaba por ser realmente. Tudo isto para dizer que ainda aqui estou. A minha perceção é que já ando nisto há imenso tempo, mas a realidade é que só estou parada há um mês e tenho de compreender que isto pode ser um caso para durar. Ainda que todos os dias sejam publicados novos anúncios de empresas que estão à procura de novos funcionários, muitos deles nada têm a ver com o que eu quero tentar a seguir. Porque sim, por enquanto ainda estou numa posição da minha vida em que me posso permitir escolher o que quero ou não aceitar. Idealmente nunca teríamos de aceitar propostas menos boas ou cargos com os quais não nos identificamos, mas também percebo que muitas vezes existem contas fixas para pagar e temos de aceitar o que nos dão. Felizmente posso considerar-me uma privilegiada no sentido em que tenho tempo e posso  dar-me ao luxo de escolher (agora só precisava que me escolhessem a mim de volta). O texto já vai longo e não tenho muito mais para vos dizer sobre isto, pelo menos por enquanto. Queria só deixar uma forcinha se também vocês estão a passar por esta fase de procura de emprego, não percam o ânimo e sejam persistentes no envio de candidaturas! E já agora, aproveito também para elogiar os serviços do IEFP online e da Segurança Social Direta, porque consegui tratar de tudo referente ao subsídio de desemprego sem sair da minha secretária. Nem imaginam a alegria que me dá saber que a cada ano que passa este tipo de serviços está mais simplificado e já não somos obrigados a esperar longas horas numa fila para tratar de coisas que podem ser feitas online ou por telefone (e aqui, obrigada covid que fizeste do teletrabalho e serviços online uma realidade melhor e mais presente em Portugal). Hoje ficamos por aqui. Um ótimo fim de semana para vocês e até já. ❤

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