quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Na Aldeia

Meio da tarde, o sino toca… Ecoa como deveria ecoar pela noite dentro, porque numa aldeia, noite ou dia, é sempre o mesmo. Nunca é bom sinal que se ouça o toque do sino num dia sem ser o dia quando à missa. Geralmente significa a morte de alguém, e como que uns desvairados, os habitantes da aldeia desatam a ligar aos vizinhos e quem vive junto à igreja vai logo lá ver o tradicional papel que se mete nas portas das igrejas a anunciar que mais um se foi. Todos se dirigem as janelas e tentam perceber o que se passa. Entre os toques do sino o coração pára como se fosse a nossa vida que tivesse sido levada… É um desatino, porque desde pequenos aqui fomos educados a saber que o toque do sino (sem ser ao dia de missa) nunca significa nada de bom.
Ainda não sei quem morreu, porque a minha faixa etária não desata a correr à igreja para ver o papel afixado na velha porta de madeira escurecida, nós, os jovens, limitamo-nos a telefonar os pais e a perguntar se sabem de algo e talvez até vamos à janela dar uma espreitadela para o fundo da rua. De uma coisa estou certa… nunca numa aldeia se vê mais agitação do que quando toca o sino num dia normal de semana… e no meio dos toques… o nosso coração pára. 

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