quinta-feira, 4 de março de 2021

O que a prática regular de exercício fez por mim

Em 2016 inscrevi-me num ginásio. Estava convencidíssima que ia mudar de vida. Não aconteceu. Não sei como é a vossa relação com o exercício físico, mas a minha é uma relação complicada, sempre foi. Desde que me lembro sempre tive peso a mais e sempre gostei demasiado de comer. Durante muitos anos estive realmente desconfortável com o meu aspeto, mas felizmente agora é algo que consigo aceitar e gostar e não deixo de viver a minha vida por a minha roupa ser toda XL. Foi preciso pôr na cabeça que importa mais como eu me sinto do que aquilo que os outros dizem e pensam de mim. Ainda que continue a existir imensa gordofobia por aí e que muitas vezes eu me deixe afetar por comentários desagradáveis. Nunca consegui ser muito regular nas idas ao ginásio. Honestamente é um ambiente que me incomoda, está toda gente demasiado feliz e todos insistem em meter conversa e ser mega entusiásticos. E se eu já não adoro a prática de exercício, gosto ainda menos que insistam em perturbar a minha paz quando tudo o que eu quero é despachar aqueles 30 minutos e ir dormir. Por isso, fui durante uns tempos nos dias em que tinha mais paciência para aturar aquilo tudo e até criei uma rotina gira com algumas aulas de grupo que gostava bastante. Acontece que depois de terem cancelado essas aulas que eu gostava, os dias em que tinha paciência para me deslocar até ao ginásio e treinar deixaram de existir. Saía demasiado cedo para Lisboa para ir trabalhar e voltava demasiado tarde para ainda me ir enfiar num ginásio. Estive mais ou menos um ano a pagar sem pôr lá os pés uma única vez (quem nunca?). E depois, covid aconteceu! E os ginásios fecharam. E fechou tudo. E quando voltaram a abrir, eu estava em teletrabalho, com horário reduzido, e encontrei no ginásio uma forma de sair da minha rotina caseira. E malta, o que eu adorei o ginásio em tempos de covid! Literalmente, cada um no seu quadrado! Todas as zonas marcadas no chão, distância entre máquinas, distância entre pessoas. Acabaram os hi-fives, acabaram as aulas com o estúdio a transbordar de gente. Amém 🙌 Acredito que para muita gente tenha sido triste ver as coisas assim, mas eu confesso que adorei o espaço a mais e o entusiasmo a menos. Tanto adorei que, ao fim de quatro anos, consegui finalmente criar uma rotina de treino! Comecei a ir nunca menos que três vezes por semana e ao fim de uns dois/três meses até comecei a ter treino acompanhado, na tentativa de explorar um pouco mais a sala de exercício e conseguir aproveitar melhor o tempo despendido no ginásio. E claro, como sabemos, o covid voltou a rebentar e os ginásios voltaram a fechar. Felizmente, tenho conseguido manter os meus treinos e continuo a ter treino personalizado uma vez por semana, tudo online. Não sei como funciona com os outros ginásios, mas o meu faz um esforço tremendo para continuar a dar todas as condições aos sócios para que continuemos a treinar. Suponho que fazem o que podem para se manter em funcionamento, mesmo com as portas fechadas. Temos aulas online o dia todo, algumas em direto e outras gravadas, continuamos a ter os treinos personalizados e até há a opção de alugar algum material do ginásio para que seja tudo o mais normal possível no conforto da nossa casa. Eu aluguei apenas um step, porque o resto das aulas que faço consigo desenrascar com alguns halteres e coisas do género que já tinha por casa. E a verdade é que para muitos exercícios basta apenas o peso do corpo e já são bem desafiantes.

Agora, não pensem que por causa desta rotina toda eu comecei a adorar fazer exercício. Não malta, a minha relação com o exercício físico continua complicada. Raras, muito raras, são as vezes em que me apetece treinar. Mas o pós treino e os resultados a longo prazo valem aquela 1h30 de sofrimento por semana. A verdade é que os 30 minutos de treino passam a voar e a parte mais difícil é mesmo começar (e no caso de quando o ginásio estava aberto, ir até lá). Ainda tenho muitos exercícios que odeio e me custam MUITO a fazer, mas também não preciso de fazer tudo e com o acompanhamento percebi que há sempre uma opção adequada a cada um. Emagreci sim, não o suficiente para deixar de ter peso a mais porque não sei fechar a boca e muitas vezes continuo a fazer más escolhas no campo da alimentação, mas honestamente para mim a perda de peso não é tudo. Claro que foi confortável conseguir voltar a vestir as calças que tinham deixado de servir durante o confinamento passado, mas foi ainda melhor sentir-me mais ativa e menos cansada no meu dia-a-dia. Sinto diferença no volume do meu corpo e tenho sem dúvida mais força, principalmente a nível de braços. Reconheço também que o exercício tem o poder de me limpar a cabeça de porcarias sem jeito nenhum e é ótimo para me deixar cansada e me fazer dormir a noite toda. O objetivo em 2016 era perder peso, e agora passa muito mais por me sentir bem. Claro que a perda de peso estará sempre diretamente ligada a isso porque para ser realmente saudável eu preciso de baixar os números da balança, mas vejo mais isto como uma consequência boa do que como o objetivo principal. O treino personalizado não é barato, mas teve um impacto muito positivo na maneira como eu encaro tudo isto. Tenho aprendido muito e sei que ao voltar à sala de exercício do ginásio já não vou parecer uma barata tonta perdida no meio das máquinas sem saber o que fazer. Não é uma coisa que eu acho que se deva manter para sempre porque ao fim de um tempo já se conseguem orientar bem sozinhos e estão só a gastar mais dinheiro atoa, mas é um bom começo se querem implementar uma rotina regular de exercício e não o conseguem fazer sozinhos. O ginásio continua a não ser o meu sítio favorito do mundo, mas confesso que é um bom escape ao corrupio que é a vida. Treinar em casa, mesmo que a assistir às aulas no zoom, é uma treta e sinto-me sempre ridícula. Ainda assim, o importante é fazer alguma coisa pela nossa saúde, mental e física. Idealmente gostava de incluir na minha rotina de treino umas caminhadas ou corridas quem sabe  mas continuo a ter muita preguiça para sair de casa e me pôr a mexer. Lá está o que custa é começar. Espero não ter sido demasiado maçadora com todo este assunto. Espero que tenham gostado e que encontrem a melhor forma de cuidar de vocês. Até já ❤

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