Estaria a mentir se
vos dissesse que não me obriguei a escrever este texto. Chega de estar feita
parva a andar de um lado para o outro apenas a fazer o que parece ser
estritamente necessário para a minha sobrevivência. Passei as últimas duas/três
semanas a ir às aulas e a dormir, mas chega. Sim a minha vida deu uma volta
enorme, mas isso não justifica o meu comportamento nos últimos tempos.
Reconheço que tenho andado distante e parece que não consigo fazer nada para
evitar isso. Admito que estou a deixar o blogue morrer, mesmo que não seja essa
a minha intenção. Não tenho desculpa, nenhuma mesmo. Tenho tanto para contar e
tão pouca vontade de o fazer. Começo a achar que a minha vida agora se vai
tornar naquela vida monótona de “gente crescida” e não quero. A monotonia dos
transportes públicos, das idas às aulas, até mesmo das conversas nos
intervalos. É claro que percebo a origem das conversas. Todas partem do mesmo
porque não nos conhecemos bem e não temos confiança uns com os outros. Até
mesmo esta desculpa está a começar a falhar. Não posso continuar a acreditar
nisto por muito mais tempo, eventualmente vamos conhecer-nos melhor e não posso
continuar a dizer que conversamos pouco uns com os outros porque não sabemos
nada uns dos outros. Enfim, o pior tem sido andar off com o resto do mundo, com os meus amigos. Tenho realmente muito
medo de me estar a tornar numa pessoa solitária que não precisa da companhia
dos outros para viver. E isto é mentira, eu preciso da companhia dos outros.
Adoro estar sozinha é claro, mas preciso dos meus amigos mais do que tudo e
acho que ultimamente isso me anda a passar ao lado. Quase não vejo ninguém
agora que a minha rotina semanal começa às 6h da manhã, mas isso não é desculpa
para não telefonar, mandar mensagens ou emails e continuar a manter o contacto
com as pessoas que me são tão queridas. Sim, eu ando a ser desleixada com os
meus amigos. Não telefono, não mando mensagens, nada de nada. Juro que não
estou a fazer isto de propósito, longe de mim tentar afastá-los, mas acho que é
o que estou a fazer. Continuo a inventar desculpas a dizer que agora ando
ocupada ou que estou cansada ou que tenho de fazer isto e aquilo. A verdade é
que eles também estão cansados e ocupados! Vistas bem as coisas, eu não fui a
única a ir para a universidade. Não estou a ser a única a ter de se adaptar a
uma vida nova e diferente de tudo o que já tinha vivido. Custa, eu sei que sim.
No entanto, continuo a esquecer-me deles constantemente. Não posso continuar a
inventar todo o tipo de desculpas que me fazem pensar que não faz mal não falar
com eles. Eles não vão ficar sentados à espera que eu me decida e volte ao
normal. Eventualmente cada um vai seguir com a sua vida e eu vou ficar para
trás porque fui parva e estava a atirar areia para os meus próprios olhos. Eu
preciso de me manter em contacto com eles. Tenho de me manter em contacto com
eles. Existe um grupo de pessoas que eu não quero perder, porque cada uma
dessas pessoas conseguiu criar uma parte do que sou hoje. Não me posso
desleixar. Mesmo que ao final de um dia esteja cansada e que só consiga
imaginar como seria bom deitar-me na minha caminha, não posso deixar de lhes
mandar um “olá, como estás?” porque são estas pequenas coisas que não deixam
uma amizade morrer. Não posso esperar que sejam eles a vir ter comigo porque
uma amizade exige esforço e dedicação. Tenho seriamente de me pôr ao caminho
porque a viagem começou sem mim. Portanto, chega de desculpas!
Sem comentários:
Enviar um comentário