sábado, 12 de maio de 2012

Dia negro

O seguinte texto foi escrito na sequência da passada segunda-feira, dia 7 de Maio.

Hoje foi um dia triste, um dia negro. E encontro-me agora às escuras (bem, não totalmente) e começo a pensar em tudo o que aconteceu hoje. Quando acordei estava a chover (e assim continuou até ao final do dia), levantei-me e fui abrir a janela e dar comida aos peixes (lembro-me de pensar que tinha de arranjar tempo para limpar o aquário) e pensei que o dia hoje não ia ser muito animado, o que é curioso, visto que menos animado não podia ter sido. Como em todas as manhãs, fui tomar o pequeno-almoço, ao qual se seguiu um duche rápido; começava a ficar atrasada para as aulas.
Cheguei à escola, um tanto revoltada (achava eu que era) com a chuva. As aulas da manhã passaram devagar e na hora de almoço já não podia com a revolta que estava a sentir. Estava revoltada (ainda estou, mas agora menos) com a atitude das pessoas, não para comigo, mas para com ele. Será possível que alguém seja capaz de viver assim? Não sei se é, e não tenciono vir a descobrir por experiência própria. No entanto, vivo com a ideia de que é impossível viver sem amigos (daqueles a sério) e sem família (família que cuida e que apoia, não daquela que se limita a estar lá só porque sim). Mas ele vive assim, e não sou capaz de não me sentir mal quando penso nisso. A vida que ele pinta ter é muito bonita e normal, mas, por vezes, a máscara cai e eu, nos momentos que ele demora a coloca-la novamente, vejo pedaços da vida que ele realmente vive, ou melhor, ele não a vive, ele existe nela, visto que é impossível que alguém, por mais ausente que seja, consiga viver desta maneira. Ainda para mais hoje, hoje que desabou tanta coisa, para tanta gente, graças a tantos acontecimentos mal resolvidos. Ele fez parte dessa gente a quem desabou o mundo, apesar de eu estar quase certa de que o mundo dele já tinha desabado. Não foi bem o mundo que desabou hoje, mas foi parte dele, a parte do mundo que lhes fazia mais falta, ou quase. "Amigos" que deixaram de falar uns com os outros, amigos que eu pensava que eram amigos de verdade (daqueles que já quase não há). Sinto pena dele, sei que não devia, mas sinto! Sinto pena de alguém que está a perder tudo, e que ainda vai perder mais, mesmo quando já nada tiver. Foi assim o dia negro de hoje. Ainda bem que depois da tempestade vem a bonança, pelo menos para alguns de nós (para ele não, que ele nunca vai ser feliz, não de verdade).

Riga, a Aventura!

Sim, eu sei, só estou a escrever agora. Sei que já voltei no dia 28 do mês passado, mas pronto, só tive tempo agora. E além disso estava à espera das fotos do resto do pessoal (que mesmo assim ainda não tenho na totalidade)Foi uma semana muito gira. É tudo muito diferente lá no fim do mundo para onde fui. A cidade é incrivelmente bonita e as pessoas são simpáticas.




Os primeiros dias foram um pouco chocantes, para todo o grupo. Acontece que a Letónia é um país que ainda está a recuperar os tempos da guerra, visto que só deixaram de pertencer à URSS há relativamente poucos anos. Ainda se nota muito o que a guerra fez às pessoas e a que condições a que as submeteu. Fiquei chocada com as casas em que vivem. São pequenas, parecem jaulas, mas conseguem ser acolhedoras. Eles não ligam à casa em que vivem, não são como nós que passamos a vida a tentar ter tudo e só nos baseamos nas coisas materiais, eles preocupam-se com a família e não querem saber dos bens materiais. Admiro isto!


Fomos a tantos sítios, incluindo a praia, e eu toquei no Mar Báltico. Fartei-me de andar pelas ruas e pelos parques e nos autocarros e comboios. Tanta coisa. Era uma correria tal que eu chegava a casa jantava e não era capaz de mais nada, era deitar e dormir.  




A comida: não achei má. Ou pelo menos não era assim tão má como eu estava à espera que fosse. Até se comia, e não sei era por termos fome ou porque sabia bem.


Gostei muito, mesmo. E se repetia? Sim, sem dúvida. Sinto que aprendi muito nessa semana, e que conheci muita gente que me fez pensar sobre a dificuldade em obter o que queremos. Porque nós aqui temos tudo e nunca paramos para pensar que os bens materiais não passam de coisas, e que o que realmente importa são as pessoas, e os momentos que passamos com elas!